Thalyta resolveu enfrentar todas as consequências, deixou para trás pais e namorado, e foi seguir a vida religiosa
Com 21 anos, Thalyta Pereira Lima, decidiu que era a vida religiosa que iria seguir. Nascida em Cavalcante, no interior de Goiás, desde criança sentia que não queria a vida cotidiana que as mulheres casadas levavam. E foi ao som dos pássaros no jardim do convento que ela me recebeu para contar um pouco da vida que leva.
O que te levou a entrar para o convento?
Foi um desejo de infância. Quando tinha oito anos de idade eu sentia que Deus queria algo de mim, algo diferente dessa vida cotidiana, que na época eu considerava como uma rotina das jovens e mulheres que optavam pelo matrimonio. Eu sentia que o meu desejo ia além disso, não que a minha opção pela vida religiosa seja melhor ou pior, mas era um desejo de contribuir nessa sociedade, para que algo de bom pudesse acontecer na vida das pessoas, de modo especial,na dos pobres.
Quando você viu que era isso que queria, teve dúvida?
Eu sentia no começo muita dúvida e tal,será que eu faço , será que eu não faço, será que eu tomo essa decisão ou não. Mas vi que tinha que arriscar, apesar de ser um desejo antigo, eu não tinha coragem. Então a partir do momento que decidi, eu falei: vou enfrentar todas as consequências custe o que custar, pois essa é voz interior que eu escuto e sinto, então vou segui-la. Porque até então eu tinha namorado, eu não queria entrar para o convento, mas eu resolvi ouvir a minha voz interna e nisso tive coragem, e resolvi procurar uma congregação.
Qual foi a reação da sua família diante da sua decisão?
Dos 8 anos de idade até os meus 20, eu nunca tinha manifestado nada para a minha família, porém eu sentia dentro de mim esse desejo. Mas ai, depois de um longo processo de reflexão, de ponderação entre a opção de fazer ou não a escolha, percebi que era isso que queria. Então quando decidi, liguei para minha mãe, porque no momento eu estava em Aparecida de Goiânia. Eu já tinha conhecido o convento, feito a opção mesmo, e já estava no processo de acompanhamento para entrar. Liguei e falei que tinha uma surpresa e ai, minha mãe perguntou qual era a surpresa, e evidentemente ela achou que eu estaria grávida (risos). Mas quando eu falei que eu ia entrar para a vida religiosa ela vibrou, parece que ela pulava do outro lado de tanta alegria, eu sentia isso. Mas com o passar do tempo, ao longo dos anos, eu percebo que a minha família apoia, porém já não é com o mesmo entusiasmo entendeu, agora o porquê eu não consigo compreender muito bem, talvez por ficar longe, ficar um ano sem ver eles.
E como foi essa procura pela congregação, o primeiro contanto?
No momento em que decidi realmente, peguei o telefone, discava o número e antes da pessoa atender eu desligava. Fiz isso umas 5 vezes, aí na sexta vez, eu falei: agora eu ligo mesmo. Aí eu liguei conversei com Irmã Maria Helena marcamos um encontro para nos conhecermos. Foi em um hospital, porque tinha uma irmã que estava fazendo cirurgia. Depois disso, começamos a nos encontrar frequentemente para eu conhecer mais de perto a congregação, e elas me conhecerem, conhecer minha família, então foi um processo que durou mais ou menos um ano.
Em mundo cada vez mais individualista o jovem acaba se afastando da igreja. Os jovens têm procurado seguir a vida religiosa?
Hoje quando se trata dos jovens homens no seminário, a procura está bem maior pela vida religiosa, então há uma ascendência na vocação masculina. Na feminina que antes era maior, hoje deu uma diminuída bem grande, nesse processo de querer, de entrar. Acho que pelos próprios desafios que a sociedade impõe diante de uma opção dessas.
A Fundação das Irmãs Franciscanas dos Pobres se baseiam na filosofia de São Francisco de Assis. Como é a atuação de sua congregação em Goiás?
A nossa congregação em Goiás é bem forte, mas não é em muitas cidades. No Brasil nos só temos casa em Goiás e em quatro cidades: Goiânia, Pires do Rio, Ipameri e Jataí. Então a gente desenvolve trabalhos juntamente com os pobres, cada instituição difere-se da outra no modo de trabalhar, mas eu penso que é nesse processo mesmo, na linha da assistência social de lidar com creche, com famílias. Por mais que atuamos em poucas cidades, a atuação é consistente, vale à pena, porque trabalhar com criança é gratificante, e é uma área de prioridade para a nossa congregação, é claro que abrangem outras áreas, mais a infância e a adolescência são os principais campos de atuação.
Laryssa Machado
obs: Essa entrevista foi realizada no início de Novembro, mas só agora tive tempo para postar.
OMG!Fiquei impressionada! Parabéns mesmo pela entrevista, gostei muito!Manda um bjo para a Thalyta…saudades…
Obrigada Lolis,
mando sim
🙂